Oprah Winfrey, a mulher mais poderosa do entretenimento norte-americano, ao receber o prêmio Cecil B. DeMille nesta edição do Globo de Ouro, disse palavras motivadoras não somente para os convidados da festa, mas também para mulheres e jovens desmotivados com os rumos de uma sociedade cada vez mais injusta. Nas palavras dela: “Quero que todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte. E quando esse novo dia finalmente amanhecer, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui neste auditório esta noite e alguns homens fenomenais, lutando para garantir que se tornem os líderes que nos levam ao tempo em que ninguém nunca mais terá de dizer ‘Eu também’.”
A homenagem a Oprah, primeira mulher negra a receber a honraria foi um dos pontos fortes da cerimônia do 75° Globo de Ouro, a primeira grande premiação desde a onda de denuncias de assédio sexual que balançou a indústria hollywoodiana em 2017. E o tema não passou batido desde o anuncio dos indicados ao prêmio.
Como esperado, as mulheres apareceram trajando preto, simbolizando o luto pelas vitimas e também pela igualdade de gênero. Algumas atrizes como Meryl Streep, Emma Watson e Michelle Williams chegaram acompanhadas de ativistas pelos direitos femininos. A palavra-tendência no red carpet e também em alguns discursos foi o “Time’s Up” (o tempo acabou, em tradução livre), um manifesto que conta com o apoio de mais de 300 atrizes, diretoras e escritoras para defender vítimas de assédio.
O apresentador da vez Seth Meyers não perdeu tempo e colocou o assunto na pauta do seu monólogo. Citou alguns envolvidos em escândalos, como Harvey Weinstein e Kevin Spacey, e até comparou a história de A Forma da Água com uma trama de um filme de Woody Allen (outro nome envolvido em polêmicas), já que uma mulher inocente se apaixona por um monstro na história escrita e dirigida por Guillermo del Toro.
Ao longo da festa e dos prêmios distribuídos, a atenção estava mais voltada aos discursos dos vencedores e também por alfinetadas de alguns apresentadores de categorias. Natalie Portman soltou um “Aqui estão todos os indicados homens.” ao lado de um constrangido Ron Howard e Barbra Streisand protestou ao apresentar melhor filme drama: “Precisamos de mais mulheres na direção. Há tantos filmes incríveis por aí dirigidos por mulheres.” Streisand foi a única mulher a vencer os Golden Globes de melhor direção em 1984 pelo musical Yentl.
Sobre a corrida pelo Oscar, o Globo de Ouro consagrou duas produções favoritas para abocanhar indicações: Três Anúncios Para um Crime e Lady Bird – É Hora de Voar, melhor drama e comédia/musical, respectivamente. Entre os atores, Saoirse Ronan e Frances McDormand saíram na frente, enquanto Gary Oldman e Sam Rockwell ganharam sobrevida na disputa de melhor ator e ator coadjuvante (nos prêmios da crítica, os favoritos são Timothée Chalamet, de Me Chame Pelo Seu Nome e Willem Dafoe, de Projeto Flórida). Já atriz coadjuvante, ainda está indefinida: Allison Janney (Eu, Tonya e vencedora da categoria nos Globos) e Laurie Metcalf (Lady Bird – É Hora de Voar) ainda disputam os votos.
A consagração de histórias protagonizadas por mulheres acompanhou essa conjuntura do protesto através do preto. A sensação é que as mudanças são necessárias e imediatas. E que esse recado não fique somente na indústria audiovisual. A mensagem que resume essa edição do Globo de Ouro é a celebração do talento feminino e também de histórias cada vez mais próximas da realidade atual. E que essa causa esteja além das artes visuais.
Não é mesmo Nicole?
Os vencedores foram:
Cinema
Melhor filme drama: Três Anúncios para um Crime
Melhor filme comédia ou musical: Lady Bird: É Hora de Voar
Melhor diretor: Guillermo Del Toro – A Forma da Água
Melhor ator – drama: Gary Oldman – O Destino de uma Nação
Melhor ator – comédia ou musical: James Franco – O Artista do Desastre
Melhor atriz – drama: Frances McDormand – Três Anúncios para um Crime
Melhor atriz – comédia ou musical: Saoirse Ronan – Lady Bird: É Hora de Voar
Melhor ator coadjuvante: Sam Rockwell – Três Anúncios para um Crime
Melhor atriz coadjuvante: Allison Janney – Eu, Tonya
Melhor roteiro: Três Anúncios para um Crime
Melhor trilha sonora: A Forma da Água
Melhor canção original: ‘This is Me’ (O Rei do Show)
Melhor animação: Viva: A Vida É uma Festa
Melhor filme estrangeiro: Em Pedaços (Alemanha/França)
Televisão
Melhor série dramática: The Handmaid’s Tale
Melhor série cômica: The Marvelous Mrs. Maisel
Melhor minissérie ou filme para TV: Big Little Lies
Ator em série dramática: Sterling K. Brown – This is Us
Ator em série cômica: Aziz Ansari – Master of None
Atriz em série dramática: Elisabeth Moss – The Handmaid’s Tale
Atriz em série cômica ou musical: Rachel Brosnahan – The Marvelous Mrs. Maisel
Ator em minissérie ou filme para TV: Ewan McGregor – Fargo
Atriz em minissérie ou filme para TV: Nicole Kidman – Big Little Lies
Ator coadjuvante em TV: Alexander Skarsgard – Big Little Lies
Atriz coadjuvante em TV: Laura Dern – Big Little Lies
Cecil B. De Mille Award: Oprah Winfrey